“Verdade ou Mentira?” – Parte 4: As francesas não engordam

De volta com a série “Verdade ou Mentira?” do blog, criada para falar de mitos (ou não) ligados à cultura francesa, e o que a minha experiência aqui me mostrou sobre eles. Você pode ler os outros posts da série aqui, aqui e aqui.

Para o assunto de hoje, o tema é tão conhecido, que existe até um livro (“Mulheres francesas não engordam”, de Mireille Giuliano) que tem essa afirmação como verdadeira e promete desvendar os segredos para comer com prazer e não ficar acima do peso!

Confesso que a questão sempre me intrigou muito! Principalmente depois de chegar aqui e descobrir que o pão é delicioso, as vitrines de doces das padarias parecem engordar só de olhar e é raro ver franceses se privando do prazer da comida. Alias, esse é um tema que eles (os franceses) levam muito a sério: a comida, as refeições, e principalmente, o prazer de comer bem.

Segundo a “lenda” das francesas magras, seu segredo seria uma alimentação perfeitamente regrada: três refeições por dia, em horários fixos e nada de ficar beliscando nos intervalos. Porém, segundo uma reportagem que eu li no site da Marie Claire francesa, o verdadeiro segredo da magreza das francesas seria uma pressão de seus próximos e um autocontrole total e permanente da alimentação, que muitas vezes as faria sofrer. Será?

Depois de quase dois anos aqui observando e conversando com tantos franceses, eu cheguei a algumas conclusões sobre esse assunto:

A primeira é de que essa história de que as francesas não engordam vem, eu acho, dos Estados Unidos. E aí a gente compreende melhor a questão. Sabendo que os americanos têm um índice de obesidade alto e é conhecido por servir porções gigantescas de comida, fica mais “na cara” o contraste entre essas duas culturas. O livro “Comer” de Claude Fishler, mostra que, para os norte-americanos, os hábitos alimentares franceses são esquisitos, com seus horários definidos para as refeições e todo o ritual envolvido (já falei um pouco disso aqui). Os americanos, por sua vez, na visão dos franceses comem rápido, muitas vezes ao mesmo tempo em que trabalham ou fazem outra coisa. Lendo o livro “4 Horas para o Corpo” de Tim Ferris, pensei em outro comportamento que pode facilitar a retardar o ganho de peso nos franceses: comer devagar, já que a refeição tem o seu momento reservado. O que eu posso dizer é que, no Brasil, pelo menos da forma que eu fui educada, nossos hábitos para comer são mais parecidos com os da França. Nós também gostamos de reservar a hora de comer, e fazer isso na mesa, entre amigos ou familiares.

Um outro aspecto a se considerar, é o biotipo do francês (ou das francesas, mais especificamente). O estereótipo aqui é: uma mulher magérrima. Eu sei que esse assunto pode causar polêmica, por rotular as pessoas em “tipos físicos”, ou “etnias”, “raças”. Mas a verdade é que diferentes populações possuem, sim, diferentes medidas, e às vezes conseguimos encontrar alguns padrões, nunca absolutos, mas que representam uma maioria daquele povo. Sem entrar no aspecto melhor corpo x pior corpo aqui, hein?! E as francesas, em geral, são magras, de quadris estreitos, claro que com algumas exceções de moças mais cheinhas, mas a gordura – quando é visível- em geral não se acumula tanto nos quadris, como a das brasileiras. E isso favorece a “lenda” das francesas magras que comem de tudo. Uma questão de genética? Pode ser, sim, que ela dê sua mãozinha, mas claro que um só fator não explica o quadro completo.

E aqui é que entra a última conclusão que eu gostaria de comentar: a pressão da mídia/sociedade por um corpo dito “perfeito”, por uma estética magra, está presente em todo o mundo ocidental. Se somos afetadas por esses padrões impostos no Brasil, por que as francesas também não se afetariam? E aqui eu penso em minhas colegas de trabalho que muitas vezes levam apenas uma lata de conservas de ervilhas para o almoço, porque acham que precisam emagrecer – mesmo quando têm um corpo admirável. Ou outra, que, magrinha mas com os seios grandes, curva as costas para não “chamar a atenção”. E aqui você percebe que não é só a magreza que está no padrão do corpo perfeito. E aí sinceramente não vejo muita diferença entre as preocupações de minhas amigas/colegas/conhecidas brasileiras ou francesas. Claro que não são todas que esquentam a cabeça com essas questões, mas você sabe de qual comportamento geral feminino eu estou falando nesse parágrafo.

E é isso. Dessa vez a discussão foi mais extensa do que eu pretendia, mas acho esse assunto interessante e ainda teria mais coisas para dizer, se não quisesse evitar um artigo muito longo.

E você? O que pensa sobre esse mito? A discussão está aberta. Comente, participe!

1 comentário Adicione o seu

  1. virginia disse:

    Acho que a questão é genetica e tambem, os franceses são do tipo que comem mas não exageram. Eu sou esse estilo. Os americanos comem até dizer “chega”….

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